O Conhecimento de si: a experiência e seus processos Parte 1

Conhecimento é a relação do homem com a realidade.Realidade onde se busca entender as coisas e descobrir os seus sentidos. É dramático porque essa realidade exige ser captada sem que haja a garantia do acontecimento. Se houver há mobilização, revolução interna de algum nível anímico.

Conhecimento é também jogo de forças vivo, desde sempre entrelaçado à liberdade existencial. Podemos utilizá-lo em abertura para o mundo vivendo -o em amplitude, ou como fechamento, uma postura defensiva e medrosa diante dos fatos. Encontramos dificuldades no auto-conhecimento porque não entendemos que:

“Sem conhecimento não há experiência e sem a experiência não há o conhecimento.”

Conhecimento sem experiência é exercício intelectualista. Experiência sem conhecimento é apanhado sensorial sem significação. Fazemos testes psicológicos para conhecer a nós mesmos, racionalizamos os nossos problemas e chegamos a estabelecer métodos para resolvê-los, mas não passa da abstração e da possibilidade em muitos casos. Por outro lado, tentamos o autoconhecimento pelas sensações, vivências e expressividade pura, porém não se chega ao status de verdade incorporada.

“Conhecer sempre é um acontecimento que se estabelece com a relação viva com o objeto”e precisamos desse processo. Não podemos viver sem significado, sem verdade.Enquanto não nos conhecemos, sofremos. A vida não nos deixa descansar como lembrava Viktor Frankl.

Conhecer é encontrar-se com algo de novo, um acontecimento, e também poder construir. Mas o que é um acontecimento?

a) o não previsível.

b) o não nominável.

c) o que suspende a expectativa.

d) evento que irrompe e produz efeitos transformadores de sentido.

e) aquilo que não pode ser explicado pelos antecedentes apesar de os seguirem.

f) o que me toca no agora, o real que me aparece e questiona.

g) não se restringe aos momentos especiais, marcantes.

h) não podemos possuir nem dominar.

O processo de auto conhecimento é oblíquo, diferenciado e dependente, de certo modo, das considerações feitas acima. Por ser simples é inevitavelmente complexo, mas passemos a entender como ele se dá.

O auto-conhecimento é o contato ou retomada da experiência elementar engendrada no processo psicológico básico. Consiste no reconhecimento do conjunto de evidências e exigências que levam o ser a confrontar com tudo o que existe. Para conhecer a si mesmo, o sujeito deve se fazer as seguintes perguntas:

1 Quem sou eu?  (Consciência da alma) ————– Evidência de elucidação

2 O que escondo? (Inconsciência da alma)———— Evidência de automatização

3 Quais as medidas que uso para comparar atitudes e valores? (Razão)—- Evidência organização

4 Como me exponho? (Personalidade da alma) ———- Evidência de integralização

5 O que é importante pra mim? (Espiritualidade)———- Evidência de valorização

6 Qual é minha necessidade básica no momento? (Vontade)—— Evidência de priorização

7 O que mantem unidas minhas funções psicológicas? (Criatividade) ——– Evidência de harmonização

Elas acontecem dentro do processo Psicológico básico:

I)INSTINTOS <—> II)EVIDÊNCIAS—>III)ANGÚSTIAS—> IV)EXIGÊNCIAS–>V) ALMA

Instintos primários ou básicos são o de sobrevivência, crescimento, perpetuação, reflexão e criatividade (os últimos dois estritamente humanos).

Evidências são os marcos evolutivos da história individual e coletiva para os humanos simbolizados que consistem/ formaram-se como processos regulamentadores e ordenadores de funcionamento. (Elucidação, automatização,organização, integralização, valorização, priorização, harmonização)

As angústias são condições desafiadoras de interferência que aparecem e demarcam o devir das coisas do mundo,  tencionamentos básico que leva o ser humano a confrontar com a morte, a liberdade, a solidão e o absurdo.

As exigências são os instintos secundários colaterais e coexistentes às angústias, consistindo nas formas que vão manifestar a alma em suas funções (Filosófica, científica, religiosa e estética). Principais exigências:

de amor, verdade,conhecimento,beleza,bondade,justiça

A alma finalmente é o atributo fenomênico dotado de qualidades (Cs/Ics); propriedades (razão,vontade,criatividade); propriedades secundárias (atenção, memória, percepção, linguagem) e manifestações (Personalidade/Espiritualidade); presentes nos níveis de análise:

I)FRACTAL—->II)SUB-ATÔMICO—>III)ATÔMICO—>IV)MOLECULAR–>V)CELULAR—-> VI) ORGANÍSMICO—>VII)MENTAL—->VIII) ESPIRITUAL

Nivel I =onde já existem as evidências e instintos primários

Nivel VI = onde surgem as propriedades da alma (relação do organismo com ele mesmo)

Nível VII= onde surge a personalidade (relação entre dois ou mais organismos em um ambiente material real ou imaginário)

Nível VIII = onde surge a espiritualidade (relação entre a mente e algo além da realidade ou alcance cognitivo.)

Cada nível influencia o outro, de modo que possa haver desestruturação geral, parcial ou intranivelar.(Ex: conflito entre as exigencias e evidencias, conflito entre as evidencias e elas mesmas, conflitos entre a consciencia e inconsciência, conflito entre a personalidade e a espiritualidade,etc.)

Quando maior complexidade= maior grau de interação entre as partes constitutivas. O que vem primeiro as exigências ou os instintos básicos?Para os seres vivos os instintos; humanos , concomitantemente.Para os minerais e gases só as evidências.